Poucas vezes em nossa história, o chão da escola esteve tão repleto de desafios.
- Estudantes inquietos, rebeldes, introspectivos, depressivos, irritados, isolados, em pânico ou situação de ideação suicida.
- Profissionais de educação exaustos, frustrados, irritados, ansiosos, depressivos, com burnout, etc.
- A educação brasileira, reproduzindo cenário de diversos países, vive verdadeiro um colapso sócio emocional, especialmente após a pandemia, onde o quadro se agravou e a comunidade escolar foi submetida a provações nunca antes experimentadas.
É preciso fazer dessa crise uma oportunidade. Esse caos sócio emocional sempre esteve presente, principalmente em escolas que reproduzem o modelo prussiano fordista de educação. Mas quando esse caos vira colapso, ele desperta olhares para a necessidade de se buscar soluções, com relativa urgência.
Então, mesmo aqueles com elaboração produtivista e conteudista, que acreditam que o papel da escola é apenas transmitir conteúdo para aprovação em provas (e sabemos que a educação é mais do que isso), buscam alternativas porque o colapso sócio emocional também faz com que educadores não ensinem, e estudantes não aprendam, dessa forma, não só a saúde emocional, mas a transmissão de conteúdo também é comprometida.
E a solução é buscar outras práticas pedagógicas, como já fazem há algum tempo muitas escolas brasileiras – porque apesar dos problemas nacionais na Educação, este país é pródigo em alternativas profícuas e revolucionárias neste campo.
Aqui, trazemos uma verdade importante: mecanismos de convivência e de capacidade de gerenciar conflitos sempre foram imprescindíveis em uma escola, embora a maioria não se preocupe com isso, por seu caráter produtivista.
Viver é administrar conflitos, porque seres humanos em convivência, por serem diferentes, transbordam conflito. Cultura de Paz não é eliminar conflitos, mas sim aprender a gerenciá-los. Por isso, práticas pedagógicas de Educação Para a Paz tornam-se ainda mais imprescindíveis nesse momento.
Mais do que nunca, as escolas precisam incorporar práticas de promoção de paz interior, como meditação, artes manuais, música e yoga. E precisam trazer para o cotidiano as tecnologias de convivência, como a Comunicação Não Violenta, os círculos restaurativos, os jogos cooperativos e a gestão de conflitos. Mais do que nunca, precisa promover atividades em reconexão com a Natureza, práticas que naturalmente acalmam e promovem bem-estar, além de elaborar intervenções de convivência com a comunidade mais ampla.
De 2022 em diante, quando o isolamento social da pandemia começou a arrefecer, e as escolas voltaram pouco a pouco à presencialidade, muita coisa mudou.
Nosso Instituto Shanti Brasil passou a ser chamado com maior frequência para a elaboração de ações concretas em diversas instituições. A maioria desses convites é para ações pontuais – o que é bom, mas tem caráter passageiro.
Costumamos recomendar sempre um plano de ação mais concreto de Educação Para a Paz. Para isso, precisa haver uma mudança de paradigma.
As instituições precisam se conscientizar que a convivência e o conflito são algo central na elaboração de suas práticas, e não um problema lateral: só há este caminho.
Por Leandro Uchoas, agosto/2023.
Leandro é presidente do Instituto Shanti Brasil e Facilitador de Retiros sobre Cultura de Paz em Nazaré Uniluz – confira a agenda de cursos e vivências no nosso site.